Relações Tóxicas
Como sair dos jogos de manipulação
Muitas vezes atrelamos o sentimento de felicidade e sucesso às nossas conquistas e realizações materiais; contudo, o ser humano precisa constantemente ser valorizado, querido e respeitado pelo outro, para nutrir sua autoestima e sentir-se pleno. Não se engane! As suas realizações dependem, e muito, da sua capacidade em reconhecer e administrar as próprias emoções, para saber relacionar-se bem consigo mesmo e com os diferentes tipos de pessoas. É preciso compreender de que forma suas atitudes impactam nos outros, e quais são os comportamentos alheios que lhe incomodam. Assim, você estará aumentando o seu autoconhecimento e poderá detectar, quando determinado relacionamento estiver deixando de ser saudável e estiver se transformando em uma relação tóxica.
Relação tóxica é toda aquela que sufoca e anula
Normalmente os relacionamentos começam bem, sejam afetivos, corporativos ou sociais; mas, com o passar do tempo e maior proximidade, é normal que as diferenças passem a ser mais apercebidas. Conflitos, dúvidas e inseguranças podem surgir; contudo, é preciso desenvolver a maturidade emocional para percebê-los como oportunidade de crescimento e quebra de paradigmas. Este deveria ser o foco dos relacionamentos, perceber que os outros são espelhos para aprimoramento do autoconhecimento, e não desejar que os outros pensem, ajam e percebam o mundo da mesma forma como você o interpreta. Na parte afetiva, quando uma paixão acaba, normalmente após três anos de convívio, alguns relacionamentos caem em vícios comportamentais negativos. Se nenhuma das partes envolvidas tiver maturidade ou autoconhecimento, haverá uma degradação, perda de respeito e distanciamento. Toda relação interpessoal deixa de ser saudável quando os conflitos se tornam constantes e sem resolução.
Uma relação é saudável quando:
• É baseada em autonomia e independência emocional
• São duas partes inteiras que se relacionam
• Um ajuda o outro a crescer e a sentir-se útil, há motivação
• As partes envolvidas estão mais amadurecidas
• Há maior grau de autoconhecimento e autopercepção
• Há valorização dos pontos positivos
• O foco está em resolver os conflitos, e não em ter razão
• As diferenças são apontadas entre conselhos e ensinamentos, visando a harmonia e não o culpar
• O vínculo é de companheirismo, amor e respeito
Uma relação se torna tóxica quando:
• Só se observa o problema, o defeito do outro
• Não permite que as pessoas cresçam e sejam elas mesmas
• Perde-se o respeito
• As duas partes estão imaturas
• Falta autoconhecimento e autopercepção
• O vínculo é de dependência emocional
• Há jogos de manipulação e de interesses
• Alimenta-se o ego, que sempre quer ter razão e não busca conciliação
• Afeta a saúde psíquica e física
• Os indivíduos querem ter razão, se acusam entre si e buscam culpados para o problema
• A monotonia e a rotina corroem a criatividade ea afetividade
• As partes envolvidas agem no pior estado – o lado sombra, – e deixam de agir no melhor estado – o lado amoroso
• A falta de senso de humor é um dos maiores inimigos nos relacionamentos
Quais são os tipos de jogos de manipulação que ocorrem, quando há desequilíbrio emocional?
JBTratando-se de indivíduos normais e não sociopatas, toda vez que alguém estiver agindo no seu pior, seja você ou o outro, quando se detecta um vício comportamental é possível parar com o processo, simplesmente não entrando no jogo de manipulação. Quando você age no seu melhor, este jogo não funciona! Trabalhe a favor destas mudanças e se for preciso, procure ajuda profissional.
Os 9 tipos de jogos de manipulação:
1. Jogo da humilhação:
JB – um desmerece o outro o tempo todo nas “relações de desqualificação”. A relação é de cobrança e perfeccionismo e um anula a personalidade do outro, impondo sua vontade sem flexibilidade. Quando ele o criticar, lembre-se que ele se autocritica mil vezes mais do que você o faz a si mesmo; releve. Quando ele perder as estribeiras e a calma, mantenha-se firme, escute-o e resolva eficientemente as pendências. Ajude-o a relaxar no dia a dia; para que possa se lembrar de que é possível aliar a ternura e a severidade.
2. Jogo da possessividade:
JB – há necessidade em descobrir as necessidades do outro para criar dependência. Surge o ciúmes e a relação se torna sufocante com as cobranças constantes. Faz-se chantagem emocional. Para este tipo pegajoso, seja firme, reconheça a dedicação dele e ajude-o a perceber a realidade, quando ele estiver sendo invasivo demais. Quando ele não estiver fazendo nada por você, mostre que o estima pela pessoa que é, e não pelo que ele lhe dá. Por trás da possessividade há geralmente baixa autoestima.
3. Jogo da sedução:
JB – ocorre quando se dá a entender, de forma velada, que o outro poderá receber o que deseja: ouvir um dia eu te amo, obter aumento de salário, oferecer um cargo melhor ou melhores condições de negociação mediante novos pedidos. O objeto de desejo não é verbalizado claramente, e a expectativa é o mecanismo de união. Pode ser uma relação de aparências – da imagem do vencedor, do status, da hipervalorização do corpo e beleza – a relação se torna frágil, desenvolvendo-se a desconfiança e o medo da perda. Procure blindar-se desta dependência e questione-se o que você está ganhando em troca, nesta relação.
4. Jogo da dependência emocional:
JB – na busca exagerada de uma figura protetora ou de alguém que o ajude nas deficiências, aumenta-se a insegurança e a relação se torna pesada e repetitiva, pelo excesso de carência emocional. Para este tipo crítico, depressivo ou oscilante, seja franco e decidido. Apoie-o, mas não o carregue no colo. Valorize-o quando ele estiver entrando em crise ou em desespero, pelo drama demasiado que faz, diante de uma idealização que o tira da realidade e o torna negativista. Ajude-o em sua baixa autoestima.
5. Jogo do bloqueio:
JB – apresenta-se frieza emocional e negatividade. Há a teimosia, o fazer-se de difícil e a prepotência. Por um julgar-se demasiadamente competente, há um boicote nos planos do outro. O excesso de razão bloqueia tudo que vem do coração. A relação se torna distante e indiferente aos sentimentos. Este indivíduo precisa se isolar para centrar-se e assimilar os seus próprios conflitos interiores de inferioridade. Quando ele se isola, o problema é com todos e não com você! Seja paciente, incentive-o, explore os sentimentos dele, perguntando o que está sentindo, e o que está ocorrendo, para diminuir a distância e diminuir o bloqueio negativo.
6. Jogo do nervosismo:
JB – para os estressados, resmungões ou de agressividade oscilante, seja afetuoso. Incentive-o falar de forma mais amorosa. Este tipo precisa ser valorizado, para fortalecer o amor-próprio, parar de culpar-se e resgatar a docilidade. Evite julgá-lo, nem faça pouco caso pelos medos e dúvidas que ele tem. Ria das piadas que ele faz e diga o quanto valoriza seu senso de humor inteligente. Quando ele for bruto, espere e, logo depois, quando ele estiver mais calmo, diga-lhe que se pode falar com doçura, com outro tom menos autoritário.
7. Jogo do convencimento:
JB – há uma ardilosidade que convence o outro a mudar de ideia e a fazer a vontade dele. O diálogo fica difícil, porque pela teimosia ele sempre quer ter razão. A relação se torna individualista, sem compartilhamento de ideais, pois a liberdade é sempre o foco. Ajude-o a se concentrar na realidade e a parar de sonhar com o que não tem. Pela sua teimosia, nunca diga “não faça isso”, contudo, mostre o lado ruim se fizer determinada ação. Dê-lhe certa liberdade com responsabilidade. Se o mantiver em uma coleira, o verá voando longe!
8. Jogo da agressividade:
JB – a anulação advém pelo constrangimento, sob o desejo de estar no poder e controle, que tiraniza e aprisiona pelo uso da força bruta. Promete-se cuidado e proteção, se fizer o jogo dele. A relação se torna explosiva e temerosa. Impera a rispidez, insultos, xingamentos e gritos. Truculentos, briguentos e que não levam troco para casa, é preciso ter paciência e compaixão, manter-se firme e jamais desafiá-lo. Mostre a sua força através da sabedoria e faça-o compreender a razão de sua atitude, voltada sempre para a harmonia e ao que é correto, de acordo com as regras preestabelecidas.
9. Jogo da inércia:
JB – quando um anula e desmotiva o outro, pela inércia e pela resistência preguiçosa, há o folgado que se torna uma âncora pesada. A relação se torna apática, onde impera o atraso e a estagnação. Para este que procrastina, é a oportunidade de o outro exercer o seu poder, e de ser um agente transformador. Não o pressione e nem crie muitas expectativas quando lhe pedir algo, ele apresenta dificuldades com a agenda e em cumprir prazos. Conscientize-o da indolência diante das próprias metas. Retribua o suporte emocional que ele lhe dá e auxilie-o, para que mantenha o foco. O melhor desse tipo é a sua capacidade de mediação e resolução de conflitos. Não espere grandes realizações que envolvam rapidez, pois o foco deste tipo é em manter a paz, acima das metas e obrigações.